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US Presidential election

Manual das Eleições Presidenciais dos EUA de 2024

Michael Brown
Senior Research Strategist
9 de ago. de 2024
Um pouco antes do início habitual do Dia do Trabalhador, a campanha eleitoral presidencial já segue a velocidade de cruzeiro. Só no último mês, a campanha já se intensificou significativamente, após o desastroso desempenho do presidente Biden num debate, com a vice-presidente Harris a substituí-lo no topo da lista dos democratas e a ter de criar uma nova infraestrutura de campanha à pressa, a menos de 100 dias das eleições. Ao mesmo tempo, a campanha republicana viu o ex-presidente Trump sofrer uma tentativa de assassinato, enquanto também se debate com o estreitamento da margem nas sondagens, desde que Harris entrou na corrida.
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O que é que está em jogo

É claro que não será apenas a Presidência que estará em jogo nas eleições de novembro. No dia da votação, todos os 435 membros da Câmara dos Representantes também serão reeleitos, e também serão disputados 34 lugares do Senado. A título de curiosidade, esta também será a primeira eleição presidencial desde 1976 em que não veremos um Bush, um Clinton ou Joe Biden nos boletins de voto.

Atualmente, os republicanos (também conhecidos como GOP - "Grand Old Party") detêm uma estreita maioria na Câmara, enquanto os democratas controlam o Senado, devido aos senadores independentes que fazem parte do partido e à capacidade da vice-presidente Harris emitir um voto de desempate, se necessário.

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Consequentemente, assim que a poeira assentar e os votos forem contados, ficaremos com quatro resultados potenciais:

  • "Blue Wave" (Onda Azul) – Os democratas mantêm a presidência, com Kamala Harris a conquistar os votos do Colégio Eleitoral e, ao mesmo tempo, a ganhar o controlo de ambas as câmaras do Congresso, a manter o Senado e a recuperar a Câmara.
  • Presidente Democrata, Congresso Dividido – Os Democratas mantêm a presidência com Kamala Harris, mas não têm o controlo geral do Congresso, com o Partido Republicano a deter a maioria na Câmara ou no Senado, ou em ambas as instituições.
  • Presidente Republicano, Congresso Dividido – O ex-presidente Trump regressa à Casa Branca, embora sem controlar o Congresso, com os democratas a deter a maioria na Câmara, no Senado, ou em ambas as instituições.
  • "Red Wave" (Onda Vermelha) – Trump regressa à Casa Branca, após um hiato de quatro anos, tornando-se no segundo presidente a vencer um segundo mandato não consecutivo, por ter sido derrotado numa corrida para a reeleição, acompanhado por uma maioria republicana (GOP) no Senado e na Câmara.

O cenário atual

Conforme referido, a desistência do presidente Biden e a sua substituição por Kamala Harris fizeram com que a corrida ganhasse um novo ímpeto, com novos interesses dos meios de comunicação social e do mercado a serem injetados na mesma, além de um aumento da angariação de fundos. A mudança na lista do partido Democrata também fez com que os resultados das sondagens se estreitassem de forma significativa, com a liderança que Trump apresentava anteriormente nas mesmas a diminuir, levando mesmo a que o ex-presidente apareça agora atrás da vice-presidente Harris em várias das mais recentes sondagens de intenção de voto a nível nacional.

No entanto, a intenção de voto é pouco importante, considerando a aplicação do sistema de Colégio Eleitoral, segundo o qual é atribuído a cada estado um número de votos eleitorais igual à soma da quantidade de senadores e do seu número de representantes na Câmara. Normalmente, embora isso nem sempre aconteça, o candidato que conquista mais votos em determinado estado ganha todos os votos eleitorais desse estado. O número de votos atribuídos a cada estado varia bastante, desde a Califórnia, com 54, até alguns estados menores da região Centro-Oeste, com apenas 3 ou 4 votos do Colégio Eleitoral para cada um.

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Isso cria uma situação em que o mais importante não é sabermos apenas quantos votos foram conquistados por certo candidato, mas também a proveniência desses votos - deter uma vasta base de eleitores em todo o país é algo fundamental para quem quiser estabelecer um percurso conducente à Casa Branca.

Além disso, existem vários estados que, devido à sua composição demográfica, bem como às suas tendências históricas de votação, são considerados "seguros". Isso estreita ainda mais os potenciais caminhos para a vitória e, na prática, deixa o resultado da eleição nas mãos dos chamados "estados indecisos", aqueles que poderão, potencialmente, votar em qualquer sentido nas eleições de novembro. Esses estados são os seguintes:

  • Arizona (AZ)
  • Geórgia (GA)
  • Carolina do Norte (NC)
  • Nevada (NV)
  • Michigan (MI)
  • Pensilvânia (PA)
  • Wisconsin (WI)

É claro que isso não quer dizer que não existam outros estados que possam votar de forma atípica relativamente às tendências históricas. Os democratas, por exemplo, há muito que tentam conquistar o coração do território republicano do Texas, enquanto o ex-presidente Trump adotou um tom otimista nalgumas entrevistas, afirmando acreditar que pode vencer em estados com tendência democrata, como o Minnesota. Em qualquer caso, é provável que a maior parte da atividade de campanha se concentre nos estados acima referidos, uma vez que a maioria dos operadores políticos considera que fazer campanha onde o resultado já é praticamente certo constitui um desperdício de tempo e de recursos preciosos.

De acordo com o respeitado Cook Political Report, as tendências atuais por estado indicam que os republicanos se encontram em vantagem no que toca a conseguirem conquistar os "mágicos" 270 votos necessários para vencer a corrida à presidência.

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Consequentemente, com essa pequena proporção de estados a deterem, provavelmente, a chave para o resultado geral das eleições, são as sondagens desses estados que merecem uma atenção especial, ao contrário das sondagens de intenção de voto realizadas em todo o país, que podem transmitir uma imagem enganadora.

No momento em que este artigo foi escrito, segundo a RealClearPolitics, Trump apresentava-se com vantagem em seis dos sete principais estados indecisos, embora essa diferença tenha diminuído nas últimas semanas, com alguns resultados, no presente, a situarem-se dentro da margem de erro:

  • Arizona (AZ): Trump +2.8pts
  • Georgia (GA): Trump +0.8pts
  • North Carolina (NC): Trump +3.0pts
  • Nevada (NV): Trump +4.0pts
  • Michigan (MI): Harris +2.0pts
  • Pennsylvania (PA): Trump +1.8pts
  • Wisconsin (WI): Trump +0.2pts

As sondagens das eleições para a Câmara e para o Senado são um pouco mais difíceis de interpretar, considerando o vasto leque de questões locais que também irão influenciar essas eleições. No entanto, as sondagens de "votação geral" atuais apontam para um empate entre o Partido Republicano e o Partido Democrata, com 45% cada um. Esse resultado, provavelmente, levaria a que o controlo da Câmara fosse decidido por um número de assentos de um só dígito, enquanto o controlo do Senado também ficaria equilibrado de forma delicada, embora com uma ligeira vantagem republicana, devido ao facto de o independente Joe Manchin não concorrer à reeleição no "estado vermelho" da Virgínia Ocidental.

Política

Naturalmente, existem inúmeras questões políticas importantes em jogo nesta eleição, apesar de uma análise mais atenta de cada uma nos mostrar que – em muitos casos – as diferenças entre os dois candidatos presidenciais são relativamente reduzidas, pelo menos, diferenças que sejam suficientemente significativas para preocuparem os participantes do mercado.

A política monetária é, provavelmente, a consideração mais importante para os mercados financeiros, principalmente, porque o mandato de Powell, o presidente do Fed, expira em 2026, o mesmo ano em que terminam os mandatos dos seus colegas do Conselho, Barr e Kugler, enquanto o mandato de Jefferson como vice-presidente chegará ao fim um ano depois. Os substitutos para esses cargos-chave teriam de ser confirmados pelo Senado, o que limitaria a extensão em que quaisquer escolhas imprevistas pudessem ser feitas e restringiria, de certa forma, a influência do presidente na composição do Fed — de acordo com o objetivo do princípio de independência operacional. Apesar dessa independência, a reeleição do ex-presidente Trump, provavelmente, traria uma nova enxurrada de reclamações sobre o contexto político, embora esse ruído nas redes sociais deva ser gerido de modo habilidoso por Powell, considerando a sua experiência anterior, e limitado a publicações na Internet, com a capacidade do Presidente dos EUA para controlar de forma efetiva o presidente do Fed severamente limitada.

A política fiscal é a segunda área de interesse que merece ser analisada. Mais uma vez, também neste ponto, os principais candidatos demonstram um grau surpreendente de similaridade, com ambos os lados do espetro político aparentemente dispostos a aumentar os gastos do governo, a ritmo acelerado, e nenhum a demonstrar qualquer grau particular de preocupação com o aumento dos empréstimos ou do défice. Embora a política tributária seja diferente — com Trump a defender mais cortes de impostos e Harris, provavelmente, a procurar aumentar o imposto sobre as empresas e os impostos sobre os contingentes mais ricos da sociedade — parece ser pouco provável que, neste ponto, sejam apresentadas quaisquer políticas específicas particularmente impactantes para o mercado, devido ao facto de a orientação geral se manter inalterada, independentemente de quem vier a ocupar a Casa Branca.

O comércio é outra área na qual existem pontos em comum que ultrapassam as diferenças políticas, já que nem os republicanos nem os democratas estão dispostos a adotar uma postura a favor do comércio livre. Em vez disso, as políticas protecionistas deverão continuar a ser "dominantes", embora Trump, provavelmente, adote uma linha mais dura, principalmente em relação à China, mas também a nível global, com a possível aplicação de uma tarifa "básica" de 10% sobre todas as importações, sendo essa uma medida que já está a ser considerada.

A regulação é, de longe, a área na qual os dois candidatos presidenciais diferem mais significativamente. É também a área em que, graças à ação executiva, é mais fácil mudar políticas num prazo relativamente curto. A diferença é gritante e muito simples: Trump, conforme demonstrou durante o seu primeiro mandato, provavelmente, irá pender de forma significativa para a desregulamentação, a todos os níveis, num vasto leque de setores; enquanto isso, no caso de Harris, se ganhar, apesar de, muito possivelmente, não introduzir nova regulamentação, é altamente improvável que venha a reverter quaisquer iniciativas já implementadas pela atual administração. Naturalmente, a carga regulatória mais leve é favorecida pelas empresas, grandes e pequenas, e pelos participantes do mercado.

Existem várias outras áreas políticas que, provavelmente, irão atrair atenção significativa durante a campanha eleitoral, embora seja pouco provável que as suas narrativas sejam consideradas significativas para os participantes do mercado. Isso inclui:

  • Imigração: o Partido Republicano, provavelmente, adotará uma linha mais dura relativamente a esta questão do que os democratas, mas apenas se o controlo de ambas as câmaras do Congresso for alcançado, em conjunto com a Presidência. Cuidados de saúde: trata-se de uma questão que há muito se debate nos EUA, com posições bem conhecidas de cada lado do espetro político, embora o tema do acesso ao aborto tenha vindo a assumir maior importância ultimamente.
  • Geopolítica: não é um fator decisivo para o mercado a curto prazo, embora as questões associadas à prestação de mais auxílio à Ucrânia, bem como o envolvimento dos EUA no Médio Oriente, continuem a ser tópicos quentes, com as relações sino-americanas, principalmente no que se refere a temas relacionados com Taiwan, a constituírem também uma questão importante a longo prazo.
  • Clima: a promessa de Trump de “drill baby, drill” alimentou as expetativas de que a produção nacional de petróleo aumentaria se regressasse à Casa Branca, enquanto que, com Harris na presidência, provavelmente, veríamos uma manutenção do "status quo", com as linhas das iniciativas climáticas descritas na "Lei de Redução da Inflação"
  • Armas: outra questão de debate de longa data, com linhas divisórias bem conhecidas, em que um governo liderado pelos republicanos tentaria revogar certos elementos da legislação de controlo de armas, enquanto os democratas, provavelmente, procurariam proibir as armas de assalto e os carregadores de alta capacidade.

Implicações para o mercado

É claro que a questão mais importante consiste em sabermos o que é que tudo isso, provavelmente, significará para os mercados financeiros.

No caso das ações, o caminho mais amplo, a médio prazo e de menor resistência, deve continuar a conduzir a um resultado positivo, com qualquer impacto potencial das eleições a ser provavelmente mais sentido em certos setores específicos, por oposição ao mercado mais vasto. Enquanto uma vitória de Trump, e/ou uma vitória esmagadora do Partido Republicano, provavelmente, constituiria o resultado mais favorável para o mercado e resultaria numa luta renhida na noite das eleições, é difícil dizer que uma "Onda Azul" seria um cenário totalmente pessimista, principalmente, considerando o desempenho das ações durante a presidência de Biden, mesmo que uma carga regulatória mais pesada possa, no extremo, representar ventos contrários mais fortes.

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Em termos de setores, o setor da defesa parece estar preparado para um desempenho superior, independentemente do resultado das eleições, considerando as atuais tensões geopolíticas a nível mundial, que mostram poucos sinais de melhoria a curto prazo. Noutros locais, poderão surgir dificuldades associadas à energia, no âmbito de uma administração democrata, já que as políticas "verdes" continuam a ganhar popularidade, enquanto a saúde também deverá enfrentar alguns obstáculos. Por outro lado, uma administração liderada pelo Partido Republicano deverá beneficiar os bancos, considerando as tendências históricas em direção à desregulamentação, e permitir o retorno de mais capital aos acionistas.

Enquanto isso, no espaço cambial, seria de esperar que uma vitória de Trump fosse imediatamente positiva para o USD, mesmo que apenas de forma mecânica, devido à fraqueza significativa que, provavelmente, se iria observar em moedas como a CNY/H e a MXN por conta desse resultado. Dito isto, o mercado de câmbio tende a importar-se mais com a estabilidade política do que com as lealdades políticas de certo governo específico. Portanto, um governo dividido – de qualquer forma – provavelmente, será o resultado mais negativo das eleições para o dólar americano, pelo menos, a curto prazo.

Por fim, no complexo do Tesouro, uma "limpeza" de qualquer dos partidos, provavelmente, seria negativa para os títulos, principalmente, na extremidade mais longa da curva, devido ao grau de remoção da restrição fiscal forçada que resultaria do controlo de ambas as câmaras do Congresso. Conforme observado anteriormente, nenhum dos partidos ou candidatos presidenciais parece estar particularmente preocupado com os aumentos dos empréstimos e défices governamentais, os quais continuarão a ser negativos para os títulos e agravarão ainda mais as preocupações com a absorção da oferta pelos mercados financeiros. Embora um congresso dividido pudesse aliviar algumas dessas preocupações, provavelmente, também traria uma nova pantomina sobre o teto da dívida, o qual, como sempre, será aumentado — ou suspenso — quantas vezes forem necessárias, mas, entretanto, é possível que isso resulte num aumento da volatilidade do mercado.

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