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Os mercados globais navegaram ontem em um equilíbrio delicado entre o impulso expansionista deixado pela decisão do Federal Reserve e a cautela provocada pelos resultados da Oracle, cuja sinalização de gastos mais elevados em infraestrutura de inteligência artificial reacendeu dúvidas sobre a sustentabilidade do rali tecnológico. Após um forte movimento inicial de correção, os compradores reapareceram em Wall Street, permitindo que o S&P 500 recuperasse terreno e encerrasse em um novo recorde histórico, muito próximo do pico intradiário registrado em meses anteriores. Ainda mais chamativa foi a alta dos índices de small caps, segmentos que haviam ficado para trás no ciclo altista dominado pelas megacaps de tecnologia e que também atingiram novos máximos históricos, sugerindo que parte da demanda está começando a migrar para setores com valorizações mais razoáveis.
Apesar disso, o sentimento em relação ao setor tecnológico permaneceu frágil. A queda inicial foi acentuada, com a NVIDIA recuando e o conjunto das Magnificent 7 fechando no negativo, refletindo que os resultados da Oracle — vista como um termômetro do boom de investimento em IA — reacenderam preocupações sobre a capacidade de o enorme gasto em data centers gerar retornos suficientes e sobre se as atuais valorizações já incorporam expectativas excessivamente otimistas para 2026. As dúvidas aumentaram também porque uma parte relevante desse CAPEX está sendo financiada com dívida, ampliando questionamentos sobre a estratégia da companhia. Esse cenário contrasta com o otimismo observado em meados de 2025, quando qualquer sinal de maior investimento em IA era recebido positivamente; agora, tende a gerar cautela.
Mesmo com esse choque idiossincrático, os fluxos de mercado continuaram ancorados pelo sinal transmitido pelo Fed na quarta-feira. O corte de 25 pbs, acompanhado pela autorização para compras adicionais de T-bills destinadas à recomposição de reservas bancárias, reforçou a percepção de que a autoridade monetária está disposta a sustentar condições financeiras mais frouxas, ainda que o ciclo de cortes já não seja automático. O presidente Powell enfatizou que a política monetária segue restritiva, mas suficiente para estabilizar o mercado de trabalho, enquanto o mercado continua precificando dois cortes adicionais em 2026 — em contraste com apenas um corte previsto no próprio outlook do Fed.
No segmento de criptomoedas, o Bitcoin reverteu parte da correção que o levou brevemente abaixo de USD 90.000, confirmando que a volatilidade do ativo segue sendo um termômetro do apetite por risco mais especulativo. Entre as commodities, o desempenho voltou a ser divergente: o petróleo estendeu seu recuo diante das expectativas de maior oferta em 2026, enquanto a prata prolongou seu rali e renovou máximos históricos acima de USD 93 por onça, apoiada pela queda das taxas reais e pela demanda industrial robusta associada às tecnologias verdes.
Esse pano de fundo também se refletiu na América Latina, onde moedas e bolsas mantiveram o impulso positivo provocado pelo dólar mais fraco e pela queda das taxas norte-americanas. No Chile, o forte avanço do cobre e o novo apetite por risco levaram o IPSA a renovar máximos históricos, enquanto o câmbio recuou para níveis não vistos desde 2024. Na Colômbia, o peso se apreciou em linha com outras moedas emergentes, embora a queda do petróleo tenha limitado a reação dos ativos locais.
Olhando para frente, a sessão de ontem deixa claras duas forças que devem continuar atuando. De um lado, o Fed estabeleceu um pano de fundo macro favorável aos ativos de risco, com crescimento mais sólido, inflação em queda e um ciclo de cortes ainda em andamento, ainda que de forma mais gradual. Esse costuma ser um ambiente propício para a renda variável global, o crédito e as moedas emergentes. De outro lado, a reação aos resultados da Oracle mostra que a concentração temática — especialmente em torno da IA — aumenta a vulnerabilidade do mercado a choques idiossincráticos e exige maior seletividade. A temática de IA não desaparece nem se assemelha a uma bolha tradicional, mas entra em uma fase mais exigente, na qual o mercado pedirá evidências concretas de retorno sobre o pesado investimento em infraestrutura.
Embora hoje não haja divulgação de indicadores macroeconômicos relevantes nos Estados Unidos, o mercado acompanhará atentamente as declarações de vários dirigentes do Fed, incluindo Beth Hammack (Fed de Cleveland), Anna Paulson (Fed da Filadélfia) e Austan Goolsbee (Fed de Chicago).
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